Em Mongaguá, tribos indígenas aprendem a cultivar ervas medicinais
Os alunos aprenderam a identificar e como utilizar as ervas, e ajudaram a implantar, na Aldeia Itaóca, uma farmácia viva
Cerca de 50 índios de diferentes aldeias da Baixada Santista participaram, dias 12 e 13, de uma capacitação sobre o cultivo de ervas medicinais. As aulas aconteceram na Escola Sol Nascente, na Aldeia Itaóca, em Mongaguá, e foram ministradas por técnicos da Prefeitura e da Cati (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral), órgão da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento.
O curso foi dividido em duas etapas: a primeira, com a parte teórica, ensinando a importância de todos no processo de cultivo das ervas. Em trilhas realizadas, os alunos aprenderam a identificar as ervas e de que forma utiliza-las. A última etapa foi a da implantação de uma horta medicinal, ou farmácia viva, na Aldeia Itaóca, com mudas disponibilizadas pela outra unidade de farmácia viva de Mongaguá, localizada na Regional Rural.
O objetivo, segundo os técnicos, é que essa farmácia seja uma referência para propagação das plantas para o cultivo familiar e coletivo, aproveitando o conhecimento tradicional da comunidade na utilização das ervas no tratamento de doenças. Na primeira unidade da farmácia viva da Cidade são cultivadas 50 de espécies, como doril, babosa, alecrim, arnica, carqueja, arruda, guaco e boldo.
Um dos instrutores, o engenheiro agrônomo Osmar Diz, da Cati, explicou que o objetivo foi iniciar um resgate do conhecimento indígena sobre uso das ervas, de forma que as comunidades interagissem com as técnicas adequadas. Para ele, as noções irão ajudá-los a utilizar a própria natureza para manter a saúde, visto que várias doenças do cotidiano podem ser amenizadas com ervas.
“E o mais interessante é trabalhar com as crianças, que aprendem desde pequenas sobre o que as plantas têm de bom, o seu significado para o meio ambiente, para a alimentação e para a saúde, e começam a valorizar e amar esse recurso natural. Depois elas serão propagadoras desse trabalho. Elas são as mais participativas, fizeram desenhos. Estou feliz com o resultado”, destacou o engenheiro.
Entre as técnicas ensinadas está a de afofar a terra, perfurar o buraco, misturar o esterco e plantar as mudas, com a distância adequada entre as raízes. Toda muda plantada era motivo de palmas entre os participantes, como forma de celebrar o meio ambiente. E as minhocas que eram encontradas, diziam os técnicos, eram sinais de que o solo estava perfeito para o plantio.
Na opinião do diretor do Departamento de Agricultura, Abastecimento e Pesca de Mongaguá, Fernando Gonçalves, a cooperação entre indígenas, prefeituras, Cati e Funai é determinante para a integração e construção de uma rede profissional, que facilita a execução das ações previstas nos planos de etnodesenvolvimento do programa de microbacias 2, como o cultivo de plantas medicinais.
“É o resgate de uma tradição. Essas pessoas estão aprendendo, por exemplo, o tamanho do poder de cura de xaropes preparados por elas mesmos, e com as mudas do seu próprio terreno. Estamos aqui semeando não só a natureza como esperança de vida melhor a essas aldeias. O curso superou as expectativas e nosso planejamento prevê ampliar as ações de assistência técnica nas comunidades indígenas de Mongaguá, garantindo atendimento nunca antes realizado”, salientou o diretor.
Ainda segundo Fernando Gonçalves, a recente formalização de associações indígenas junto a parceria com diferentes instituições viabilizará ações previstas nos planos de etnodesenvolvimento, como a revitalização da casa de reza e o campo de futebol, adequações de saneamento básico, fortalecer o recebimento agendado de turistas e garantir novos pontos de comercialização de artesanatos, para todas as aldeias do município.
Um dos que aprovaram a iniciativa é o índio Danilo Benites, que é professor na Escola Sol Nascente. “É uma reaproximação com a nossa cultura. Foram abordados aqui conhecimentos interessantes que nunca tivemos oportunidade de saber, especialmente com relação à farmácia viva, que podemos ter no quintal de casa. Uma experiência muito proveitosa. Agora é propagar a ideia.”
Participaram do curso as tribos Itaóca Guarani e Itaóca Tupi (Mongaguá), Tekoa Mirim (Praia Grande), Bananal, Piaçaguera e Nhamandu Mirim (Peruíbe). Extensionistas das Casas da Agricultura dos municípios da Baixada Santista também estiveram presentes.
(fonte: Prefeitura de Mongaguá / Imprensa - foto: Jonas de Moraes)
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