ANIVERSÁRIO DE MONGAGUÁ – A NOSSA PRINCESINHA
HISTÓRIA:
chácara D. Pedro
A CHEGADA DOS PORTUGUESES
A região que hoje compreende o município de Mongaguá fazia parte dos arredores da primeira vila fundada no Brasil: a VILA DE SÃO VICENTE, criada em 22 de janeiro de 1532 com a chegada do navegador português MARTIM AFONSO DE SOUSA. A segunda vila fundada no Brasil foi NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DE ITANHAÉM, criada em 22 de abril do mesmo ano. Portanto Mongaguá que está situada entre estas duas pioneiras localidades, faz parte da mais antiga região do Brasil, e suas terras era o caminho natural e ligação entre elas.
Com a criação das Capitanias Hereditárias, Mongaguá fez parte da CAPITANIA DE SÃO VICENTE, uma das que prosperaram devido a intensa colonização e produção de açúcar, seu donatário era o próprio Martim Afonso de Sousa. Ao passar o tempo, e após a morte de Martim Afonso, sua herdeira MARIANNA DE SOUSA GUERRA (Condessa de Vimieiros) entrou em litígio com o CONDE DE MONSANTO, herdeiro de Pero de Sousa (irmão de Martim Afonso). A Condessa de Vimieiros retirou-se criando a CAPITANIA DE ITANHAÉM. Curiosamente a divisa entre estas duas capitanias, era o RIO MONGAGUÁ, curso de água que corta o atual município de Mongaguá.
encontro do rio com o mar - foto: Marco Mountain
ORIGEM DO NOME
Mongaguá é um nome de origem tupi-guarani que significa “Enseada de lama pegajosa”. Os índios que viviam às margens do Rio Mongaguá deram este nome ao rio por este não possuir uma foz fixa. O rio que descia encachoeirado da Serra do Mar, ao chegar à planície, empoçava e somente com a cheia, tomava a direção dos ventos, seguindo para o mar ora para um lado, ora para o outro. Este fato acabava por tornar toda a região lamacenta. Naturalmente a região que viria a se desenvolver junto ao Rio Mongaguá, ficaria conhecida por este nome.
O Rio Mongaguá também era chamado pelos índios de “rio fantasma” por conta desta mudança contumaz de desembocadura. Com a chegada de ferrovia, a estação construída em Mongaguá possuía uma placa com o nome “Praia Grande”, que embora fosse apenas o nome
da parada do trem, ocasionou que a região também acabasse por ser conhecida como Praia Grande.
Poço das Antas
VILA DE MONGAGUÁ
Com a criação da Estação Ferroviária de Mongaguá em 1913, moradias e estabelecimentos comerciais surgiram e naturalmente se multiplicaram ao redor. A estação era o único imóvel que possuía luz elétrica, e além de local de embarque e desembarque do trem, a estação servia como ponto de comércio de carnes demais alimentos que eram vendidos no próprio local tão logo chegavam de Santos e São Paulo. Podemos dizer que Mongaguá nasceu em torno da Estação Ferroviária. Neste início do Século XX chegaram à Mongaguá o fundador FERNANDO ARENS JUNIOR, seu colaborador ABILIO SMITH, o coronel FRANCISCO SECKLER e os armênios JACOUB KOUKDJIAN, JOSÉ MENASSIAN e HOSEP BOZOGLIAN, além de RAUL ROMEU LOUREIRO e OLINDO TAMAGNINI, homens que haveriam de contribuir muito com a criação e desenvolvimento de Mongaguá.
Parque Ecológico
FUNDAÇÃO
O engenheiro FERNANDO ARENS JUNIOR foi o responsável pela criação de Mongaguá. Chegou à região em 1910, tendo atravessado a Serra do Mar a pé. Ao notar a beleza do local, resolveu trazer melhorias e criar uma cidade modelo, com lotes a serem vendidos aos paulistanos. Para tanto trouxe a luz elétrica, criando uma usina no Rio Mongaguá, iniciou a captação de água instalando as primeiras tubulações e também viabilizou a chegada da ferrovia doando terras de sua propriedade para a instalação do leito dos trilhos. Arens Junior criou a COMPANHIA DE MELHORAMENTOS DA PRAIA GRANDE e deu continuidade a comercialização de lotes. É de sua responsabilidade também a instalação de um teleférico para transporte de bananas das fazendas à ferrovia, e também mandou construir o HOTEL CLUBE MARINHO e as primeiras vias da região como a Estrada do Poço das Antas e a atual Avenida São Paulo. Em 1948 a Vila de Mongaguá tornou-se Distrito de Itanhaém, desmembrando-se de São Vicente. O Coronel FRANCISCO RODRIGUES SECKLER construiu a primeira igreja católica de Mongaguá, a CAPELA NOSSA SENHORA DO PERPÉTUO SOCORRO e criou a ASSOCIAÇÃO DOS PROPRIETÁRIOS DA PRAIA GRANDE através da qual, conseguiu trazer ao litoral sul a Rodovia.
Plataforma de Pesca
EMANCIPAÇÃO
Nos anos 50 Mongaguá já demonstrava independência de Itanhaém, que por sua vez não tinha como administrar o Distrito de Mongaguá além de sua própria sede. Moradores e comerciantes liderados e orientados por RAUL ROMEU LOUREIRO, pleitearam a emancipação de Mongaguá. Raul era homem forte do Governo Estadual e conhecia todos a trâmites necessários para o sucesso desta empreitada, inclusive gozava de muito prestígio junto à Assembléia Legislativa de São Paulo. Juntamente com moradores e comerciantes de Mongaguá, dentre estes JACOUB KOUKDJIAN e JOAQUIM MONTEIRO, Raul Loureiro reuniu os documentos necessários e um Plebiscito foi
marcado para o dia 7 de dezembro de 1958. O Prefeito de Itanhaém AURÉLIO FERRARA não se opôs a este intento, até foi simpático ao desmembramento de Mongaguá.
O Plebiscito mostrou a vontade popular e por votação esmagadora, a população de Mongaguá decidiu pela independência. No dia 31 do mesmo mês (dezembro de 1958), o então Governador JÂNIO DA SILVA QUADROS assinou a Lei Quinquenal decretando a emancipação de Mongaguá e como conseqüência, a criação do município.
SÍMBOLOS MUNICIPAIS
BANDEIRA
A Bandeira de Mongaguá foi instituída e hasteada pela primeira vez em cinco de janeiro de 1960 pelo primeiro Prefeito de Mongaguá: José Cesário Pereira Filho.
Consiste o Pavilhão Municipal em um pano azul celeste em formato retangular, na proporção 100 X 80 cm contendo no centro o Brasão Municipal.
É obrigatório o seu hasteamento no edifício da prefeitura Municipal e na Câmara Municipal de Mongaguá, sempre acompanhada da Bandeira Nacional e da Bandeira Estadual.
BRASÃO MUNICIPAL
Por iniciativa dos Vereadores JOÃO DIAS DE OLIVEIRA e DINA BELLI da primeira Legislatura da Câmara Municipal de Mongaguá, em 1960 houve um concurso para a criação do Brasão Municipal. O projeto vencedor foi o do português ANTONIO MARTINS ARAÚJO, portanto sendo este, o criador do Brasão Municipal de Mongaguá.
O Brasão consiste em um escudo moderno português ao centro com uma coroa mural acima deste com o milésimo 1959. De cada lado do escudo uma bananeira frutificada em suas cores naturais. No interior do escudo três morros representando a Serra do mar de onde nasce o Rio Mongaguá. Logo abaixo uma estrela do mar com dois peixes voltados para esta, além de duas ondas, em representação ao mar. Abaixo do escudo um listel com duas volutas, em uma delas a palavra MONGAGUÁ e na outra o lema latino: E PLURIBUS UNUM, ou seja: Dentre muitos, um.
O Presidente da Associação Brasileira de Heráldica da época elogiou o Brasão Municipal de Mongaguá no momento da sua criação, pelo rico conteúdo e significado.
HINO MUNICIPAL
O Hino Municipal de Mongaguá foi instituído na gestão do prefeito Jacob Koukdjian Filho:
Mongaguá, Te Amo Demais
Musica e Letra: Ruiter Teodoro Gomes
Cidade Sorriso tão bela e aconchegante
De praias deslumbrantes
E ondas de cristais
Seu ar é puro pela própria natureza
Sua brisa é uma beleza
Não há como contestar
O raiar do sol quando brilha em nossas águas
Nosso mar fica tão lindo
Oh meu Deus, isto é divino
Eu só posso declarar:
Mongaguá, te amo demais
Mongaguá, Deus te ama demais
Mongaguá, te amo demais
Mongaguá, Deus te ama demais
De praias deslumbrantes
E ondas de cristais
Seu ar é puro pela própria natureza
Sua brisa é uma beleza
Não há como contestar
O raiar do sol quando brilha em nossas águas
Nosso mar fica tão lindo
Oh meu Deus, isto é divino
Eu só posso declarar:
Mongaguá, te amo demais
Mongaguá, Deus te ama demais
Mongaguá, te amo demais
Mongaguá, Deus te ama demais
SOROCABA
Sempre houve uma estreita relação entre as cidades de Mongaguá e Sorocaba. Turistas da capital quando aqui chegavam logo notavam no sotaque carregado das pessoas, as influências desta cidade do interior que praticamente “colonizou Mongaguá”. A ligação vem de longe, desde a implantação do Ramal Ferroviário Santos-Juquiá em 1913 que trouxe para Mongaguá funcionários da ESTRADA DE FERRO SOROCABANA, cuja sede era na cidade de Sorocaba.
No início dos anos 40 esta “migração” atingiu o seu ápice com a implantação da PEDREIRA DE MONGAGUÁ que gerou os loteamentos dos arredores e a criação dos bairros de PEDREIRA e VILA ARENS. Praticamente todos os lotes foram vendidos aos sorocabanos funcionários da Pedreira e seus parentes.
Colônias de Férias de Sorocabanos foram instaladas em Mongaguá e até uma linha de ônibus Sorocaba-Mongaguá foi criada. Sobrenomes como BELLUCCI nomeia vários edifícios de Mongaguá.
MONOCULTURA DA BANANA
Antes de se tornar uma estância balneária, e ter o turismo como principal atividade, Mongaguá já vivenciou a Monocultura da Banana. Isto no início do Século XX, quando grandes Fazendas e Sítios menores produziam toneladas da fruta e chegavam a exportar até para o continente europeu. Vagões carregados de cachos de banana seguiam para o Porto de Santos, e com a chegada da Rodovia nos anos 50, caminhões cruzavam a Serra do Mar carregando a riqueza do litoral sul, principalmente de Mongaguá.
O transporte desenvolvido para servir as fazendas bananeiras de Mongaguá, era bastante sofisticado para a época. Linhas de trolley ou (decauville) atravessavam a mata e os rios até a ferrovia principal, e um teleférico transportava os cachos de banana acima dos morros, utilizando a ação da gravidade, o que economizava muito tempo na época da colheita.
Os símbolos municipais de Mongaguá possuem a representação dos frutos que tocavam a economia de Mongaguá, na época de sua criação.
PRINCESINHA DAS PRAIAS
Mongaguá sempre foi conhecida como a “Princesinha das Praias”. Muitos perguntavam se este termo era o “Slogan” de administração de algum prefeito de Mongaguá, como atualmente se pratica.
Pesquisas recentes publicadas no último livro de Dianno, veio por atribuir a criação desta frase ao radialista CAPITÃO BARDUINO. Capitão Barduino era um compositor sertanejo que apresentava um programa na Radio Bandeirantes, denominado BRASIL CABOCLO em 1952. Neste programa o apresentador falava entre as músicas:
- Como vai Mongaguá, a princesinha das praias !
Havia até uma estrofe musical “um jingle” exaltando Mongaguá. Ficou o apelido, há mais de 50 anos!
AGENOR DE CAMPOS
Por muitos anos, se perguntou: Quem seria este homem, cuja homenagem, nomeia o mais populoso bairro de Mongaguá ? O Bairro de Agenor de Campos em Mongaguá é onde se encontra a Plataforma de Pesca Amadora e o Parque Ecológico. Após pesquisas em busca da personalidade em questão, surgiu uma biografia completa, publicada no livro: As Bodas da Princesa.
Agenor de Campos foi ferroviário da Estrada de Ferro Sorocabana e chegou a ser chefe da Linha Santos-Juquiá, trecho que atravessa o município de Mongaguá. Foi ele quem projetou as linhas de trolley, rústicas ferrovias que transportavam a produção de bananas das fazendas de Mongaguá até a ferrovia principal. Foi pioneiro morador da região que hoje leva o seu nome e também aquele que viabilizou a construção da Estação Ferroviária deste bairro. Inéditas fotos de Agenor de Campos, seus familiares e do seu local de trabalho, encontram-se no livro: As Bodas da Princesa, onde um capítulo inteiro foi dedicado a este grande desbravador.
BIBLIOGRAFIA> Prof. Marcelo Vidice Dianno
DIANNO, Marcelo Vidice. As bodas da princesa – Mongaguá em seu cinqüentenário. São Paulo: Ed. Do Autor, 2009.
DIANNO, Marcelo Vidice. Mongaguá – História da minha cidade. São Paulo: Ed. Do Autor, 2007.
DIANNO, Marcelo Vidice. Mongaguá. In: Silva, Jailson Lima. Concurso Literário: História do meu bairro – História do meu município. São Paulo: Arte e Ciência, 2006.
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